A economia brasileira teve uma leve alta de 0,1% no primeiro trimestre de 2024 em relação aos três meses anteriores. O dado faz parte do Monitor do PIB-FGV, realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) e divulgado nesta terça-feira (19).
Apesar de ter crescido de maneira bem leve na base trimestral, a economia brasileira teve um resultado bem melhor na comparação com anual. Em suma, o indicador cresceu 4,1% em fevereiro, na comparação com o mesmo período de 2023.
Da mesma forma, o FGV IBRE informou que o crescimento no trimestre interanual também foi bastante positivo. A saber, o Monitor do PIB-FGV avançou 3,0% no trimestre móvel encerrado em janeiro, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Veja os destaques da economia brasileira no 1º trimestre
De acordo com o levantamento, a agropecuária e o setor de serviços fecharam o 1º trimestre com taxas positivas, impulsionando a economia brasileira. Contudo, o resultado não ficou muito expressivo devido ao fraco desempenho da indústria do país, que encolheram no mês.
“O crescimento de 0,1% do PIB em janeiro, na comparação com dezembro, deve-se ao desempenho positivo da agropecuária e do setor de serviços, pela ótica da produção, e do consumo das famílias e da exportação, pela ótica da demanda. Em contrapartida, a indústria e a formação bruta de capital fixo (investimentos), retraíram no mês“, explicou a coordenadora da pesquisa, Juliana Trece.
Segundo a coordenadora, “esse padrão é bastante semelhante ao observado no ano passado com crescimento sustentado pela agropecuária, serviços, consumo das famílias e exportações“.
Aliás, em 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 2,9%, na comparação com o ano anterior. O avanço foi o terceiro consecutivo, após a recessão mundial provocada pela pandemia da Covid-19 em 2020.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo levantamento, o PIB brasileiro cresceu em 2023 devido ao avanço dos três principais setores econômicos, com destaque para agricultura, que apresentou um desempenho surpreendente:
- Agropecuária: 15,1%;
- Serviços: 2,4%;
- Indústria: 1,6%.
Consumo das famílias segue forte no país
Os dados do levantamento mostraram que o consumo das famílias cresceu 3,6% no trimestre móvel encerrado em janeiro. Em síntese, “todos os tipos de consumo contribuíram positivamente para este resultado, sendo os principais o consumo de serviços e de produtos não duráveis”, informa o FGV IBRE.
Já em relação ao consumo de serviços, o grande destaque do trimestre foi a importação de serviços financeiros e do segmento relacionado a telecomunicações. Por sua vez, o consumo de produtos não duráveis figurou como o segmento de altas mais disseminadas, com destaque para o relativo a produtos alimentícios.
Vale destacar que o consumo de bens e serviços pela população figura como um dos principais fatores de crescimento da economia brasileira. Por isso, todos os dados positivos deste indicador ajudaram a impulsionar o Monitor do PIB-FGV.
Expectativas para 2024
A coordenadora Juliana Trece explicou que a expectativa é que os dados do Monitor do PIB-FGV fiquem mais positivos ao longo do ano. Em resumo, espera-se que a indústria volte a crescer no país, deixando as taxas negativas para trás, impulsionada pela redução dos juros.
“Para 2024, há expectativa de melhora para os investimentos e a indústria, embora isto ainda não tenha sido observado no primeiro mês do ano. Isto se justifica pela expectativa da continuidade na redução da taxa de juros ao longo de 2024”, disse Trece.
Por falar nisso, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu em 2,5 pontos percentuais a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, de 13,75% para 11,25% ao ano. Os cortes foram muito positivos, mas os juros ainda estão elevados no país.
De todo modo, o Copom se reuniu novamente nesta terça-feira (19) para definir os rumos da política monetária do país. A expectativa dos analistas é que o comitê reduza novamente a taxa Selic em meio ponto percentual, para 10,75% ao ano. Caso isso aconteça, será o sexto corte consecutivo da taxa de juros da economia brasileira.
“Embora o ciclo de afrouxamento monetário tenha se iniciado em meados de 2023, há certa defasagem no alcance dos seus efeitos na atividade econômica, o que explica a persistência de resultados negativos em segmentos mais suscetíveis aos efeitos da política monetária no início do ano”, ponderou Trece.
Por fim, o FGV IBRE ainda estimou que, em janeiro de 2024, o PIB brasileiro tenha alcançado a marca de R$ 997 bilhões, em valores correntes.