Nesta terça-feira (19), o Banco Central (BC) se reuniu para definir os novos rumos da política monetária do país. A entidade deverá reduzir pela sexta vez consecutiva a taxa básica de juro da economia brasileira, algo que vem acontecendo desde agosto do ano passado.
Aliás, a expectativa entre os analistas é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC corte em 0,50 ponto percentual (p.p.) a taxa de juros do país, mantendo a mesma magnitude das reduções anteriores.
O encontro do Copom tradicionalmente dura dois dias, ou seja, vai durar até a quarta-feira (20). Apenas no início da noite de amanhã que o BC deverá informar a decisão do comitê sobre a taxa de juros em sua segunda reunião de 2024.
Caso a previsão de corte de meio ponto percentual se confirme, a Selic passará de 11,25% para 10,75% ao ano. Essa será a sexta redução de 0,5 p.p. nos últimos meses, evidenciando o fortalecimento de uma política menos contracionista adotada pelo Banco Central.
A redução de meio ponto percentual é a principal aposta entre os economistas do mercado financeiro. Os analistas acreditam que a taxa Selic encerrará 2024 a 9,00% ao ano. Isso quer dizer que os próximos encontros do Copom deverão ter mais reduções, mas os cortes não continuarão com a mesma magnitude.
Veja como o Copom define a taxa de juros
O principal objetivo do Copom ao reajustar a Selic é impactar a inflação no país. Em suma, uma Selic mais alta puxa consigo os juros praticados no país, reduzindo o poder de compra do consumidor. Como consequência, desaquece a economia do país, limitando o avanço da chamada “inflação por demanda”.
Quando a Selic sobe, encarece o crédito, reduzindo a busca das pessoas por empréstimos. Dessa forma, o consumo tende a diminuir, uma vez que a população passa a ter menos dinheiro em mãos. Como a demanda diminui, os preços começam a cair, desacelerando a inflação, mas isso só acontece com o passar do tempo.
Inclusive, o Banco Central elevou 12 vezes consecutivas a taxa de juros no Brasil entre 2021 e 2022, fazendo a taxa Selic atingir o maior patamar desde 2016. Esse foi o maior ciclo de alta de juros da história do país. Após esse período, o Copom manteve a taxa no mesmo patamar por quase um ano, até decidir reduzi-la, algo que vem acontecendo desde agosto de 2023.
Juros demoram para afetar economia
O Copom sempre toma cuidado para definir a taxa de juros no Brasil, pois essa decisão não provoca impactos imediatos na economia brasileira. Na verdade, a taxa Selic pode durar de seis a 18 meses para impactar a atividade econômica, afetando a inflação no país.
Portanto, o comitê leva em consideração a meta da inflação no Brasil em 2024, bem como os primeiros meses de 2025. Em síntese, uma inflação controlada traz diversos benefícios para a economia brasileira, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, o que permite um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Em 2023, a inflação perdeu força no país. Inclusive, os analistas estão otimistas com os indicadores econômicos do país em 2024, estimando uma taxa inflacionária ainda menor neste ano. Por isso que a expectativa é que o Copom corte novamente a taxa de juros nesta semana.
Meta da inflação no Brasil em 2024
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Diante desse dado, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país.
Para 2024, o CMN definiu uma meta central de 3,00% para a inflação, mas essa taxa pode variar entre 1,50% e 4,50%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Isso quer dizer que a inflação terá sido cumprida se ela variar entre 1,50% e 4,50% em 2024, mesmo que não alcance a meta central de 3,00%. Segundo os dados mais recentes, os analistas do mercado financeiro acreditam que o Brasil terá uma inflação de 3,79% em 2024.
Caso isso se confirme, o país conseguirá cumprir a meta da inflação pela segundo ano consecutivo. Isso porque o país conseguiu ficar dentro da meta da inflação em 2023, algo que não aconteceu nos dois anos anteriores, principalmente por causa dos gastos feitos pelo governo federal para combater os impactos da pandemia da covid-19.
Como a taxa inflacionária vem desacelerando com a atual taxa de juros no Brasil, a expectativa é que o Copom mantenha a redução de meio ponto percentual em mais algumas reuniões deste ano.