Os analistas do mercado financeiro elevaram pela segunda semana as projeções para a inflação no Brasil em 2024, após três recuos consecutivos. Isso mostra que os economistas estão menos otimistas em relação à taxa inflacionária, que vem ganhando força nos últimos tempos no país.
Apesar das duas altas seguidas, a taxa segue dentro da meta definida para o ano, algo que é muito positivo para o país. Isso porque, quando a inflação fica controlada, há uma sinalização clara de fortalecimento da economia brasileira, ao menos no geral.
De acordo com o boletim Focus, divulgado nesta terça-feira (19) pelo Banco Central (BC), a inflação no Brasil deverá ficar em 3,79% neste ano. A taxa é levemente maior que a projetada na semana anterior (3,77%), mas continua abaixo do limite estabelecido para a inflação em 2024.
A propósito, o BC divulga semanalmente as projeções dos analistas em relação a indicadores econômicos do Brasil. Em resumo, estes dados refletem a situação atual do país e mostram quais deverão ser os próximos passos dados pela economia brasileira e os desafios que ela deverá enfrentar.
Analistas ficam atentos a dados econômicos
Os analistas do mercado financeiro ficam atentos a todos os dados divulgados no país. Na última terça-feira (12), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 0,83% em fevereiro.
O resultado acelerou em relação a janeiro (0,42%) e veio acima do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma alta de 0,78% em fevereiro. Isso aconteceu porque a maioria dos grupos pesquisados registrou alta dos preços em relação ao mês anterior.
Como a inflação subiu mais que o esperado, as novas projeções dos analistas refletiram o crescimento do pessimismo. Contudo, vale destacar que a taxa segue dentro da meta para 2024.
Para 2025, os analistas também elevaram suas estimativas para a taxa inflacionária do país, de 3,51% para 3,52%. O avanço aconteceu após duas semanas de estabilidade, refletindo menos otimismo do mercado.
BC tenta cumprir a meta da inflação
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2024, o CMN definiu uma meta central de 3,00% para a inflação no país, podendo variar entre 1,50% e 4,50%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,50% e 4,50%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,00%. Logo, as projeções dos analistas, de 3,77%, estão dentro do limite, dado muito positivo para o país.
Estimativas para o PIB brasileiro também crescem
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Pela quinta semana consecutiva, o mercado elevou as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2024, de 1,78% para 1,80%.
Apesar do avanço, o crescimento do PIB deverá se manter distante da alta registrada em 2023. Segundo o IBGE, o PIB brasileiro cresceu 2,9% em 2023, em relação ao ano anterior.
O resultado foi levemente menor que a alta de 2022 (3,0%), mas superou significativamente as estimativas que os economistas fizeram no início do ano passado, de 1,0%. Isso mostra que o desempenho do PIB brasileiro em 2024 também poderá surpreender e crescer bem mais que o esperado pelos economistas.
Já para 2025, as estimativas permaneceram estáveis em 2,00%. A alta estimada para o ano que vem é superior à projetada para 2024, mas a taxa não costuma apresentar grandes variações porque os analistas ficam mais atentos ao desempenho do ano vigente, ou seja, 2024.
Taxa de juros no Brasil se mantém estável
Por fim, os analistas mantiveram estáveis as estimativas para a taxa Selic, em 9,00% neste ano. Nos últimos meses, o BC promoveu cortes de meio ponto percentual na Selic, totalizando uma redução de 2,5 pontos percentuais entre agosto de 2023 e fevereiro deste ano. Agora, a taxa de juros está em 11,25% ao ano.
O BC promoveu a redução mais recente, seguindo a política menos contracionista de juros. Nas três últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, houve cortes de meio ponto percentual em cada uma delas, e a expectativa é que haja uma nova redução de mesma magnitude no próximo encontro do Copom.
Para 2025, a taxa de juros deverá encerrar o ano em 8,50%, patamar praticamente idêntico ao que deverá ser observado no final deste ano. Isso mostra que o BC deverá pisar no freio, parando de cortar os juros em 0,50 ponto percentual em todas as suas reuniões.