A onda de calor que vem atingindo o Brasil está mudando os hábitos da população. Nos dois últimos dias, a demanda por energia elétrica bateu recorde no país, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Para fugir do calor, os brasileiros estão utilizando cada vez mais a energia elétrica. Uma das principais saídas escolhidas pela população é o ar-condicionado, que mantém o ambiente fresco e resfriado.
De acordo com o ONS, a demanda de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) chegou a 102.478 GW (gigawatts) por volta das 14h37 da última sexta-feira (15). Anteriormente, o recorde foi reportado em 7 de fevereiro, dia em que a demanda instantânea atingiu 101.860 MW.
Vale destacar que, até novembro de 2023, a demanda por energia do SIN nunca havia superado os 100 GW no país. Entretanto, nos últimos meses, as ondas de calor estão bastante intensas no país, fazendo a população consumir uma quantidade muito elevada de energia elétrica para tentar se refrescar.
Naquele mesmo dia, também houve o recorde da carga média diária, que se refere ao consumo da energia, acrescido das perdas elétricas no Sistema Interligado Nacional (SIN). Nesse caso, o país bateu 91.338 MWmed. O recorde anterior havia sido registrado em 17 de novembro de 2023, com 90.596 MWmed.
Brasil tem capacidade de atender demanda por energia?
Como o calor está muito grande no Brasil, a população tenta de todas as maneiras criar um lugar mais agradável, e isso só tem sido alcançado, principalmente, com o uso de ar-condicionado ou ventilador.
Por isso, muitas pessoas se mostraram preocupadas com a demanda do SIN, questionando se o país terá condições de suprir essa demanda. De acordo com o ONS, o sistema está preparado para atender o consumo de energia elétrica no país.
Cabe salientar, que os períodos de maior demanda são os que apresentam mais risco em relação ao fornecimento de energia elétrica. Em síntese, quando muitas pessoas demandam energia em um mesmo horário, pode haver alguma queda de energia no país, não há risco, ao menos por hora, de interrupção do fornecimento.
Massa de ar quente eleva temperatura no Brasil
O consumo recorde de energia elétrica no Brasil está acontecendo por causa de uma nova onda de calor, que vem atingindo parte do país. Esta é a terceira onda de calor de 2024, e estes fenômenos ocorrem devido a dois principais fatores climáticos: massas de ar quente e seco e bloqueios atmosféricos.
Em suma, a junção destes fatores não impede a formação de frentes frias, que poderiam ajudar a reduzir o calor. Entretanto, quando estas se formam e tentam avançar, elas encontram um bloqueio e acabam seguindo diretamente para o oceano. Portanto, a massa de ar quente no continente tende a ficar mais forte, gerando uma onda de calor, já que não há frente fria para amenizar a situação.
Com isso, as temperaturas vêm ficando acima do normal, dificultando a vida das pessoas, que veem na energia elétrica uma forma de acabar com o calor e o desgaste que as temperaturas elevadas causam. A propósito, o fenômeno climático El Niño e o aquecimento global vêm piorando a situação no Brasil, aumentando ainda mais as temperaturas.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta na semana passada sobre a onda de calor. O alerta de “perigo” se direcionou a 5 estados , que devem registrar temperaturas máximas 5°C acima da média: Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Brasileiros vão pagar caro pela energia elétrica em 2024
Os consumidores do país que pagam conta de luz deverão perceber o aumento da tarifa neste ano. A saber, o valor dessa despesa deverá ficar ainda maior devido ao orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
Em novembro de 2023, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) propôs um orçamento de aproximadamente R$ 37,2 bilhões para a CDE em 2024. Em resumo, esse é o maior orçamento dos últimos 11 anos.
A saber, 88% do valor será pago pelos consumidores do país em 2024, através de dois encargos incluídos nas contas de luz. No total, os brasileiros deverão pagar R$ 32,7 bilhões do orçamento da CDE.
Vale destacar que a conta de luz é muito cara no Brasil porque os consumidores não pagam apenas valores relacionados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, mas também precisam custear:
- Impostos;
- Subsídios;
- Taxas que custeiam políticas públicas;
- Ineficiências do setor elétrico.
Em síntese, tudo isso encarece a conta de luz, que acaba pesando no bolso de milhares de famílias no país. Por isso, nesse momento de muito calor, as famílias também precisam ficar atentas para não gastar muita energia e ter uma péssima surpresa quando chegar a conta.