O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,83% em fevereiro, acelerando fortemente em relação ao mês anterior, quando a taxa teve alta de 0,42%. A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
Além de ter acelerado, o resultado também veio acima do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma alta de 0,78% em fevereiro. Isso aconteceu porque a maioria dos grupos pesquisados registrou alta dos preços em relação a janeiro.
Embora tenha acelerado no mês, a variação acumulada pelo IPCA nos últimos 12 meses perdeu força, passando de 4,51% para 4,50%. Com isso, a taxa ficou rigorosamente no teto da meta definida para a inflação de 2024, de 4,50%.
Caso os próximos resultados se mantenham nesse patamar, a inflação deverá seguir dentro do limite definido para 2024, assim como ocorreu em 2023.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta quinta-feira (8).
O que é IPCA e como o indicador mede a inflação?
O termo inflação se refere ao aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia. Assim, quando a taxa inflacionária sobe, o dinheiro passa a comprar menos bens e contratar menos serviços, pois o aumento da inflação reduz o poder de compra do consumidor.
No entanto, quando ocorre o contrário, tem-se deflação. Este termo se refere à redução nos preços de produtos e serviços no país. Em 2023, apenas junho registrou deflação. Nos demais meses, os preços só fizeram subir no Brasil.
Cabe salientar que alguns analistas afirmam que deflação só ocorre quando a queda dos preços fica generalizada. Quando isso não ocorre, eles entendem o resultado apenas como uma queda da inflação, e não deflação em si.
De todo modo, o principal objetivo do IPCA é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos”, segundo o IBGE.
Veja abaixo a variação registrada por cada um dos grupos em fevereiro:
- Educação: 4,98%;
- Comunicação: 1,56%;
- Alimentação e bebidas: 0,95%;
- Transportes: 0,72%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,65%;
- Habitação: 0,27%;
- Despesas pessoais: 0,05%;
- Artigos de residência: -0,07%;
- Vestuário: -0,44%.
Grupo educação pressiona inflação
O IBGE revelou que sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram alta em seus preços em fevereiro, indicando uma alta bastante disseminada dos preços.
Em suma, o destaque do segundo mês de 2024 foi o grupo educação, cujos preços subiram 4,98%, acelerando em relação a janeiro (0,33%). Com isso, o grupo exerceu um impacto de 0,29 ponto percentual (p.p.) no IPCA do mês passado, respondendo por 34,9% da alta da inflação no período.
No grupo, o item que exerceu o maior impacto foi cursos regulares, cujos preços saltaram 6,13%, pressionados pelos reajustes que ocorrem habitualmente no início do ano letivo. Os subitens que registraram as maiores variações foram:
- Ensino médio: 8,51%;
- Ensino fundamental: 8,24%;
- Pré-escola: 8,05%;
- Creche: 6,03%.
Da mesma forma, também registraram aumento dos preços: curso técnico (6,14%), ensino superior (3,81%) e pós-graduação (2,76%).
Alimentação exerce segundo maior impacto no IPCA
De acordo com o IBGE, o grupo alimentação e bebidas impactou o IPCA em 0,20 p.p. Os alimentos que tiveram as altas mais expressivas no mês foram:
- Cebola: 7,37%;
- Batata-inglesa: 6,79%;
- Frutas: 3,74%;
- Arroz: 3,69%;
- Leite longa vida: 3,49.
“Neste caso, houve influência do clima, por conta de temperaturas mais elevadas e um maior volume de chuvas“, explicou o gerente da pesquisa, André Almeida.
Veja outras variações importantes em fevereiro
Os preços do grupo transportes subiram 0,72% em fevereiro, revertendo a queda de 0,65% observada em janeiro e impactando a inflação em 0,15 p.p.
Em síntese, os preços de todos os combustíveis (2,93%) pesquisados tiveram alta: etanol (4,52%), gasolina (2,93%), gás veicular (0,22%) e óleo diesel (0,14%). Por outro lado, os preços do item passagem aérea caíram 10,71%, impactando o grupo em -0,09 p.p. e limitando a alta mensal.
Cabe salientar que o grupo vestuário foi o único a influenciar negativamente o IPCA em fevereiro (-0,02 p.p.). Contudo, a variação foi tão leve que não conseguiu limitar o avanço mensal da inflação no país.
Inflação desacelera em 11 dos 16 locais pesquisados
Em fevereiro, a inflação medida pelo IPCA subiu em todos os 16 locais pesquisados, em relação a janeiro. Entretanto, vale destacar que as taxas aceleraram em 11 locais, enquanto desaceleraram em quatro capitais.
Confira abaixo as taxas inflacionárias registradas nos locais pesquisados em janeiro e fevereiro de 2024:
Região | Janeiro | Fevereiro |
Aracaju | 0,73% | 1,09% |
São Luís | 1,06% | 1,06% |
Salvador | 0,13% | 0,96% |
São Paulo | 0,25% | 0,93% |
Rio de Janeiro | 0,44% | 0,88% |
Fortaleza | 0,68% | 0,84% |
Curitiba | 0,39% | 0,84% |
Belo Horizonte | 1,10% | 0,82% |
Campo Grande | 0,48% | 0,81% |
Brasília | -0,36% | 0,75% |
Recife | 0,63% | 0,74% |
Vitória | 0,37% | 0,70% |
Belém | 0,75% | 0,69% |
Porto Alegre | 0,13% | 0,52% |
Goiânia | 0,87% | 0,51% |
Rio Branco | 0,63% | 0,26% |