O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 0,81% em fevereiro, na comparação com o mês anterior. Isso quer dizer que os consumidores do país tiveram que pagar mais caro no mês passado para adquirir itens e contratar serviços no Brasil, em relação a janeiro.
O avanço mensal superou a variação registrada no primeiro mês de 2024, quando a inflação subiu 0,57%. Aliás, a alta de fevereiro foi bem semelhante ao avanço do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,83% em fevereiro. A propósito, o IPCA é considerado a inflação oficial do Brasil.
Com o acréscimo do resultado de fevereiro, o INPC passou a acumular uma alta de 3,86% nos últimos 12 meses, acima dos 3,82% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
O que é INPC?
Em resumo, o INPC mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país. Aliás, o aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços se chama inflação.
Quando ocorre o contrário, tem-se deflação. Contudo, o termo se refere ao recuo generalizado dos preços. Quando a queda não é generalizada, mas apenas pontual, os analistas passam a considerar o resultado apenas como uma queda da inflação.
Seja como for, o INPC é usado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS. Em suma, o governo federal promove reajustes do salário mínimo conforme a variação do INPC. Inclusive, os reajustes devem ser, no mínimo, iguais à variação acumulada pelo indicador no ano anterior.
Assim, as famílias continuam a ter as mesmas condições de renda para seguirem comprando os mesmos itens ano após ano, pelo menos teoricamente.
No entanto, o Governo Federal pode promover reajustes que resultem em ganhos reais para os trabalhadores, acima da inflação registrada pelo INPC, como aconteceu neste ano.
Inflação sobe em todos os locais pesquisados
No mês passado, o INPC subiu em todos os 16 locais pesquisados pelo IBGE, refletindo uma disseminação do encarecimento dos produtos e serviços no país.
Confira abaixo as taxas inflacionárias registradas nos locais pesquisados em fevereiro:
- Aracaju: 1,01%;
- São Luís: 0,99%;
- Salvador: 0,93%;
- São Paulo: 0,89%;
- Curitiba: 0,83%;
- Fortaleza: 0,82%;
- Recife: 0,80%;
- Belém: 0,80%;
- Campo Grande: 0,79%;
- Belo Horizonte: 0,79%;
- Vitória: 0,75%;
- Porto Alegre: 0,73%;
- Rio Janeiro: 0,73%;
- Brasília: 0,68%;
- Rio Branco: 0,52%;
- Goiânia: 0,51%.
Como observado acima, a inflação medida pelo INPC subiu em todos os locais pesquisados em fevereiro, e isso impulsionou a taxa nacional. Como as altas foram relativamente intensas, a inflação geral acabou tendo uma variação ainda maior que a de janeiro.
No acumulado dos últimos 12 meses até fevereiro, todos os locais continuaram com taxas positivas. Os números mais elevados foram registrados em: Belo Horizonte (5,25%), Belém (5,24%), Rio Branco (4,91%), Fortaleza (4,80%) e Campo Grande (4,43%).
Em contrapartida, as menores variações foram observadas em Recife (2,98%), São Luís (3,04%), Salvador (3,08%), São Paulo (3,28%) e Vitória (3,28%).
Veja os destaques do mês
Em fevereiro, a taxa do INPC ficou mais elevada em Aracaju devido ao forte avanço de 10,45% registrado no preço da gasolina. Como os combustíveis exercem um impacto firme na inflação, o encarecimento da gasolina pressionou a taxa inflacionária na região em fevereiro.
De modo diferente, Goiânia teve a menor taxa entre os locais pesquisados devido à queda nos preços da passagem aérea (-23,75%) e das carnes (-1,40%). Ainda assim, a inflação subiu no local, pressionada pelos demais grupos de produtos e serviços pesquisados.
O IBGE também revelou que os preços dos produtos alimentícios subiram 0,95% em fevereiro, desacelerando em relação ao mês anterior (1,51%). Por outro lado, os produtos não alimentícios aceleraram de 0,27%, em janeiro, para 0,77% neste mês.
Cada local possui um peso no INPC
Vale destacar que cada local possui um peso na composição do INPC. Por ser a maior economia do país, São Paulo lidera a lista, respondendo por 24,60% da inflação medida pelo indicador.
Em seguida, ficam Belo Horizonte (10,35%), Rio de Janeiro (9,38%), Salvador (7,92%), Curitiba (7,37%) e Porto Alegre (7,15%). Portanto, a inflação registrada nestes locais exerce uma influência nacional bem maior que a de Rio Branco, por exemplo, que tem peso de apenas 0,72% na composição do INPC.
INPC x IPCA
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existe uma diferença sutil entre os dados do INPC e do IPCA e apenas se refere ao uso do termo “amplo”.
De um lado, “o IPCA engloba uma parcela maior da população. Ele aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos“, segundo o IBGE.
Por sua vez, “O INPC verifica a variação do custo de vida médio apenas de famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos. Esses grupos são mais sensíveis às variações de preços, pois tendem a gastar todo o seu rendimento em itens básicos, como alimentação, medicamentos, transporte etc.”, informa o IBGE.