Um estudo conduzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) trouxe à tona um aumento significativo na renda habitual média do trabalhador brasileiro no ano de 2023 em comparação com 2022. Os dados, provenientes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), foram divulgados nesta sexta-feira (8).
De acordo com as estimativas apresentadas, a renda média real em dezembro de 2023 atingiu R$ 3.100, marcando um incremento de 0,7% em relação ao mês anterior, que registrou um valor de R$ 3.078. Além disso, houve um aumento de 3,9% em comparação com dezembro de 2022, quando a média era de R$ 2.985. Já em janeiro de 2024, a estimativa mensal avançou ainda mais, atingindo R$ 3.118.
Crescimento da renda média
No segundo trimestre de 2023, a renda média ultrapassou os valores observados no mesmo período de 2019 pela primeira vez desde o início da pandemia, registrando um aumento de 0,6%. Em um contexto de recuperação econômica gradual, o quarto trimestre de 2023 também apresentou um cenário promissor, com a renda média superando os números do mesmo trimestre de 2019 em 2,1%.
Esses dados indicam uma tendência de fortalecimento do mercado de trabalho e uma recuperação dos níveis de renda pré-pandemia. Segundo o instituto, o conceito de rendimento habitual engloba todas as formas de remuneração recebidas regularmente por empregados, empregadores e trabalhadores autônomos, sem considerar acréscimos extraordinários ou descontos esporádicos.
Análise por regiões do Brasil
Os dados recentemente divulgados revelam que os maiores aumentos na renda, em comparação ao quarto trimestre de 2022, foram observados em regiões específicas do Brasil. De acordo com as informações fornecidas, as regiões Norte e Nordeste se destacaram, registrando aumentos de 4,1% e 4%, respectivamente.
Esse crescimento foi mais notável entre trabalhadores com idades entre 40 e 59 anos, os quais experimentaram um aumento de renda de 4,1%. Além disso, aqueles que concluíram o ensino médio apresentaram um aumento de 3,2% em sua renda habitual.
Carteira assinada
Os dados revelados apontam para uma disparidade nos aumentos de renda entre diferentes segmentos de trabalhadores no Brasil. De acordo com análises do quarto trimestre de 2023, os empregados do setor privado sem carteira assinada se destacaram com o maior crescimento interanual da renda, atingindo um aumento de 6,9%.
Os trabalhadores do setor público e os empregados com carteira assinada também viram suas rendas crescerem, embora em proporções diferentes. Os trabalhadores do setor público experimentaram um aumento de 3,9%, enquanto os empregados com carteira assinada registraram um crescimento de 2,1%.
Setores da economia brasileira
Dados recentes analisados no quarto trimestre de 2023 revelaram diferentes cenários em relação à renda dos trabalhadores brasileiros, quando observados por setor de atuação. Durante esse período, o setor de transporte enfrentou uma queda de 1,7% em comparação com o mesmo período de 2022.
Da mesma forma, a construção também experimentou uma redução acentuada, com uma queda de 3,8% em sua renda média. Por outro lado, trabalhadores da indústria viram suas rendas aumentarem consideravelmente, com um crescimento notável de 5,7%.
Essas variações destacam as complexidades do mercado de trabalho brasileiro e a diversidade de condições enfrentadas pelos trabalhadores de diferentes setores e modalidades de emprego. O cenário ressalta a importância de políticas econômicas e de emprego e renda sensíveis às necessidades e desafios específicos de cada grupo.