Os brasileiros receberam uma notícia um pouco animadora neste mês. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o percentual de endividamento das famílias do país recuou em fevereiro, após dois meses de ano.
Essa é a sexta queda nos últimos oito meses, ou seja, desde de julho de 2023, o número de famílias com débitos atrasados só faz cair no país, com exceção dos meses de dezembro e janeiro.
Aliás, os resultados no segundo semestre de 2023 foram essenciais para fazer o indicador cair 0,1 ponto percentual (p.p.) em relação a 2022. Embora a redução tenha sido bem leve, foi a primeira queda em quatro anos.
Endividamento entre mulheres recua e puxa taxa nacional
Segundo a Peic, 77,9% das famílias do país relataram ter débitos a vencer em fevereiro deste ano. Esse percentual ficou 0,2 p.p. abaixo do nível observado em janeiro (78,1%). Em outras palavras, a quantidade de pessoas sofrendo com dívidas e contas atrasadas recuou no país, apesar de ter sido de maneira leve.
O levantamento também apontou uma queda de 0,7 ponto percentual no índice de mulheres endividadas, em relação a fevereiro de 2023. A taxa caiu de 79,5% para 78,8%, percentual ainda elevado, mas a redução sinaliza a melhora dos números entre o gênero.
“As famílias têm reportado um menor volume de dívidas atrasadas, e a renda da mulher na participação do orçamento familiar é fundamental para isso, uma vez que, na maioria das vezes, elas são peças centrais nos lares brasileiros, acumulando múltiplas funções, como profissionais, autônomas, empreendedoras, mães e donas de casa“, destacou o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Veja mais detalhes do levantamento
A saber, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é responsável pela Peic. A entidade revelou que o endividamento recuou em fevereiro entre as faixas de renda intermediárias.
Veja os percentuais de endividamento por faixa de renda em fevereiro:
- Renda de 0 a 3 salários mínimos: 79,2%;
- Renda de 3 a 5 salários mínimos: 79,5%;
- Renda de 5 a 10 salários mínimos: 75,8%;
- Renda superior a 10 salários mínimos: 74,9%.
No mês passado, o endividamento ficou estável tanto as famílias que recebiam até 3 salários mínimos, quanto para os consumidores que tinham uma renda superior a 10 salários mínimos.
Por sua vez, os números caíram para 0,7 p.p. em relação às pessoas com renda de 3 a 5 salários mínimos e 0,6 p.p. para quem recebia de 5 a 10 salários mínimos.
Cartão de crédito impulsiona débitos no país
A Peic também revelou quais foram os principais tipos de dívidas dos consumidores do país em janeiro. Veja abaixo os percentuais registrados:
- Cartão de crédito: 86,9%;
- Carnês: 15,8%;
- Crédito pessoal: 9,9%;
- Financiamento de casa: 8,7%;
- Financiamento de carro: 8,6%;
- Crédito consignado: 6,0%;
- Cheque especial: 4,2%;
- Outras dívidas: 2,7%;
- Cheque pré-datado: 0,6%.
Cabe salientar que, na comparação com fevereiro de 2023, o percentual de pessoas com débitos no cartão de crédito cresceu 1,2 p.p. no país. Também registraram aumento dos débitos no mês: crédito pessoal (1,5 p.p.), financiamento de casa (1,4 p.p.), crédito consignado (0,9 p.p.) e outras dívidas (0,5 p.p.).
Por outro lado, os seguintes tipos de débitos tiveram queda em seu percentual em fevereiro: carnês (-2,5 p.p.), cheque especial (-0,5 p.p.). Já o percentual de pessoas que afirmaram possuir dívidas referentes a financiamento de carro se manteve estável em um ano.
Inadimplência também recua em fevereiro
Da mesma forma que o endividamento recuou em fevereiro, o número de famílias inadimplentes também encolheu no segundo mês de 2024 no país. Segundo os dados da Peic, quase três em cada dez famílias estavam com dívidas atrasadas no país.
A taxa chegou a 28,1% no mês passado, recuando em relação à taxa de inadimplência registrada em janeiro (28,3%). O número também é menor que o observado em fevereiro de 2023 (29,8%).
As quedas de endividamento e inadimplência nos últimos meses estão sendo possíveis graças a diversos fatores. De acordo com o economista-chefe da CNC e responsável pela pesquisa, Felipe Tavares, o percentual de famílias com dívidas em atraso vem caindo nos últimos meses, figurando como um cenário bastante positivo para o país.
“A tendência de redução da inadimplência também é vista pela redução do percentual de famílias que não terão condições de pagar dívidas, que é o grupo mais complexo dos inadimplentes, mostrando uma queda persistente nos últimos quatro meses“, disse Tavares.
“Ainda que o grupo de famílias que não terão condições de arcar com as suas dívidas esteja maior do que em fevereiro de 2023, as reduções nos últimos meses são um sinal positivo para o perfil de inadimplência das famílias brasileiras, sinalizando melhoras neste grupo. Isso mostra que a redução da Selic está auxiliando também os indicadores de inadimplência“, acrescentou o economista.