O ano de 2024 não está fácil para as famílias do Brasil. Após subir em quase todas as capitais em janeiro, o preço da cesta básica subiu em 14 das 17 capitais pesquisadas em fevereiro pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O resultado é bastante negativo para os brasileiros, mas vale destacar que ficou um pouco melhor que janeiro, quando as altas atingiram 16 locais.
Os maiores avanços foram registrados em Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, mas os valores também subiram em outros 11 locais, para tristeza dos consumidores. O único local que registrou queda nos preços, aliviando um pouco o bolso dos brasileiros, foi Fortaleza.
Confira as variações em todos os locais pesquisados em janeiro:
Unidade Federativa | Variação |
Rio de Janeiro | 5,18% |
São Paulo | 1,89% |
Salvador | 1,86% |
Vitória | 1,74% |
Recife | 1,67% |
Campo Grande | 1,55% |
Fortaleza | 1,51% |
Belém | 1,27% |
Aracaju | 1,12% |
João Pessoa | 0,84% |
Curitiba | 0,73% |
Porto Alegre | 0,71% |
Natal | 0,63% |
Belo Horizonte | 0,38% |
Brasília | -0,08% |
Goiânia | -0,41% |
Florianópolis | -2,12% |
Cesta básica mais cara do país
Com o acréscimo das variações de fevereiro, a cesta básica do Rio de Janeiro se tornou a mais cara do país. Em síntese, os moradores da capital fluminense tiveram que desembolsar R$ 832,80 no mês passado para adquirir uma cesta básica na região.
Esse valor correspondeu a 59% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.412). Assim, o trabalhador que recebia o piso nacional no mês passado, e morava em Rio de Janeiro, gastou mais da metade do seu salário para adquirir uma cesta básica.
Por esta razão, todos os meses, milhares de pessoas são obrigadas a reduzirem os custos com as demais despesas. Como sobra pouco do salário para que os consumidores utilizem em outra coisa, não tem como aumentar o consumo. Inclusive, muitos itens e serviços importantes se encaixam nessa “sobra”, como contas de luz e água, aluguel, prestação de casa e carnês de loja, mas seus preços dificultam a vida dos brasileiros.
Em todo o ano passado, o Rio de Janeiro se manteve no top quatro das cestas básicas mais caras do Brasil. Entretanto, a capital fluminense não alcançou a liderança em nenhum mês. Contudo, em 2024, isso aconteceu em fevereiro devido ao forte avanço dos preços na capital.
Salário mínimo ideal surpreende
O Dieese não revelou apenas a variação nos preços da cesta básica em fevereiro. A entidade também estimou qual seria o salário mínimo ideal do Brasil. Para isso, levou em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês passado, que foi a do Rio de Janeiro.
Nesse caso, o piso salarial deveria ter sido de R$ 6.996,36 em fevereiro, valor 4,95 vezes maior que o salário mínimo vigente no país. Em fevereiro de 2023, o mínimo necessário deveria ter sido de R$ 6.547,58, valor 5,1 3vezes superior ao piso que vigorava na época (R$ 1.320).
A pesquisa também mostrou que, para que um trabalhador atuante no Rio de Janeiro conseguisse adquirir produtos da cesta básica foi necessário um tempo médio laboral de 129 horas e 46 minutos em fevereiro.
Embora a média nacional também tenha ficado bastante elevada no mês passado, não chegou ao mesmo patamar que o de Rio de Janeiro. Segundo o Dieese, o tempo a ser trabalhado no país para adquirir uma cesta básica em fevereiro foi de 107 horas e 38 minutos, tempo superior ao de janeiro (106 horas e 30 minutos).
Em resumo, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, que são aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Ainda vale destacar que o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Dessa forma, conseguiu chegar a um valor bastante aproximado do necessário para as pessoas terem uma vida digna no país.
Veja os preços das cestas básicas em fevereiro
Ainda considerando o levantamento do Dieese, confira quais foram os locais que apresentaram os menores valores do país em relação à cesta básica de fevereiro, ficando bem abaixo do observado em Rio de Janeiro:
Unidade Federativa | Preço da Cesta Básica |
Rio de Janeiro | R$ 832,80 |
São Paulo | R$ 808,38 |
Porto Alegre | R$ 796,81 |
Florianópolis | R$ 783,36 |
Campo Grande | R$ 748,20 |
Brasília | R$ 741,91 |
Vitória | R$ 731,83 |
Curitiba | R$ 731,50 |
Belo Horizonte | R$ 727,46 |
Goiânia | R$ 707,81 |
Belém | R$ 665,12 |
Fortaleza | R$ 627,67 |
Salvador | R$ 604,30 |
Natal | R$ 579,31 |
João Pessoa | R$ 564,50 |
Recife | R$ 559,68 |
Aracaju | R$ 534,40 |
Em síntese, Aracaju teve a cesta básica mais barata do país em fevereiro, assim como aconteceu nos últimos meses. Na capital, o valor dos alimentos básicos comprometeu 37,8% do salário mínimo, taxa bem menor que a do Rio de Janeiro, mas ainda bastante elevada. Aliás, essa não foi a única diferença entre estes locais.
Quem estava morando em Aracaju em fevereiro precisou trabalhar 83 horas e 16 minutos para adquirir uma cesta básica. A saber, no Rio de Janeiro, a pessoa precisou trabalhar 46 horas e 30 minutos a mais para comprar os mesmos produtos no mês, em relação a Aracaju.
Por fim, caso a cesta básica de Aracaju fosse a mais cara do país, sendo utilizada pelo Dieese para determinar o salário mínimo ideal, os brasileiros deveriam ter um piso de R$ 4.489,50, valor 35,8% menor que o mínimo ideal em comparação à cesta do Rio de Janeiro.