A produção industrial brasileira encolheu 1,6% em janeiro deste ano, na comparação com dezembro de 2023. O recuo interrompeu dois meses de taxas positivas e eliminou mais da metade dos ganhos acumulados nos últimos cinco meses do ano passado, entre agosto e dezembro.
“Mesmo com o setor industrial marcando uma variação negativa mais intensa desde abril de 2021, quando assinalou perda de 1,9%, verifica-se perfil disseminado de taxas positivas, alcançando 18 dos 25 ramos industriais pesquisados“, explicou o gerente da pesquisa, André Macedo.
Com o acréscimo do resultado de janeiro, a atividade industrial do país voltou a ficar abaixo do nível pré-pandemia (-0,8%). Isso quer dizer que as perdas provocadas pela crise sanitária em 2020 na indústria brasileira haviam sido recuperadas, mas o nível voltou a cair para abaixo do patamar observado em fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Além disso, vale destacar que a indústria brasileira está 17,5% abaixo do nível recorde registrado em maio de 2011. Aliás, os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A série histórica teve início em janeiro de 2002 e, de lá pra cá, informa o desempenho da produção industrial do país mensalmente.
Queda da produção industrial fica restrita a poucas atividades
De acordo com a PMI, apenas seis dos 25 ramos industriais registraram queda em sua produção em janeiro. Da mesma forma, duas das quatro grandes categorias econômicas pesquisadas pelo IBGE também fecharam o mês em queda, na comparação com dezembro do ano passado. Estes resultados foram suficientes para derrubar a taxa nacional no mês.
Em janeiro, os setores que exerceram as principais influências negativas na produção industrial brasileira foram, respectivamente:
- Indústrias extrativas: -6,3%;
- Produtos alimentícios: -5,0%;
- Confecção de artigos do vestuário e acessórios: -6,4%;
- Produtos têxteis: -4,2%.
De acordo com Macedo, “a primeira atividade foi pressionada pela menor extração de petróleo e minério de ferro, interrompe dois meses consecutivos de crescimento na produção, período no qual acumulou expansão de 6,7%. A segunda teve como principal influência negativa a redução na fabricação de açúcar, eliminando parte da expansão de 11,3% acumulada no período entre julho e dezembro“, analisou.
Produção de 18 atividades cresce em janeiro
Embora a indústria brasileira tenha encolhido em janeiro, o resultado refletiu as fortes quedas em poucas atividades pesquisadas. Em síntese, a produção cresceu em 18 segmentos, três vezes mais do que o número de segmentos que registraram queda em janeiro.
Os principais avanços vieram, respectivamente, de:
- Produtos químicos: 7,9%;
- Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos: 13,7%;
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: 4,0%;
- Máquinas e equipamentos: 6,4%.
Segundo o IBGE, o avanço na produção da atividade de produtos químicos eliminou o recuo de 6,2% registrado no mês anterior. Por sua vez, o segmento de equipamentos de informática e afins passou a acumular expansão de 31,6% em dois meses consecutivos de crescimento na produção.
Já a atividade de veículos automotores intensificou o avanço em relação a dezembro (2,8%), enquanto o setor de máquinas e equipamentos eliminou a perda de 3,1% acumulada entre novembro e dezembro do ano passado.
Indústria cresce em relação a janeiro de 2023
Na comparação com o primeiro mês de 2023, a indústria brasileira registrou um crescimento de 3,6% em sua produção, sexta alta seguida nessa base comparativa. O resultado ficou mais expressivo devido aos avanços registrados pelas quatro grandes categorias econômicas, bem como por 17 dos 25 ramos, 46 dos 80 grupos e 49,8% dos 789 produtos pesquisados pelo IBGE.
Esse resultado “marcou o sexto mês seguido de crescimento na produção e a taxa positiva mais elevada desde junho de 2021, quando havia crescido 12,1%. Vale destacar que no índice deste mês, pela primeira vez desde agosto de 2022, observa-se perfil disseminado de taxas positivas, alcançando 17 dos 25 ramos industriais pesquisados“, destacou André Macedo.
Entre as atividades, as principais influências positivas no total da indústria foram registradas por:
- Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis: 9,1%;
- Indústrias extrativas: 6,5%;
- Produtos alimentícios: 3,8%;
- Produtos químicos: 5,2%;
- Produtos de bebidas: 10,2%;
- Produtos de metalurgia: 2,9%.
Em relação à atividade de coque e afins, o aumento da produção dos itens óleo diesel, gasolina automotiva, querosenes de aviação e óleos combustíveis impulsionou o resultado de janeiro. Já as indústrias extrativas receberam impulso dos itens minérios de ferro, óleos brutos de petróleo e minérios de cobre e seus concentrados.
Por sua vez, os produtos alimentícios, que exerceram grande influência na média nacional, tiveram sua produção impulsionada em janeiro pelos itens carnes de bovinos frescas ou refrigeradas, tortas, bagaços e farelos da extração do óleo de soja, sucos concentrados de laranja, complementos alimentares e suplementos vitamínicos e minerais, óleo de soja refinado e em bruto, açúcar refinado de cana-de-açúcar e carnes e miudezas de aves congeladas.
Em contrapartida, oito atividades registraram queda em sua produção, na comparação com janeiro do ano passado. As principais contribuições negativas vieram, respectivamente, de produção, produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-21,9%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-7,9%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (-3,6%).