A inflação da indústria brasileira caiu 0,31% em janeiro deste ano, na comparação com o mês anterior. Esse foi o terceiro recuo consecutivo do indicador, sinalizando que os preços ao produtor seguem em queda no país. Aliás, o recuo, apesar de leve, ficou mais intenso que o registrado em dezembro do ano passado (0,20%).
“Esta sequência de resultados negativos do IPP vem após uma série de três meses seguidos de altas, entre agosto e outubro do ano passado. Apesar do índice de -0,31% em janeiro, não há uma queda disseminada por toda a indústria, pois 15 setores tiveram aumento de preços“, explicou Murilo Alvim, analista do IPP.
Vale destacar que, entre novembro e janeiro, “o IPP acumulou uma queda de 0,85%, menor que alta de 2,91% acumulada entre agosto e outubro. Assim, nos últimos seis meses, o resultado acumulado ficou em 2,03%”, destacou o IBGE.
A propósito, os dados se referem ao Índice de Preços ao Produtor (IPP), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nesta semana.
Inflação segue negativa em 12 meses
De acordo com o IBGE, a inflação acumulada nos últimos 12 meses ficou negativa (-5,56%), para alegria da população, já que as variações tendem a alcançar o consumidor final. O resultado foi completamente diferente do observado em janeiro de 2023, quando os preços acumulados em 12 meses estavam em leve alta de 0,29%.
“Já a redução acumulada de 5,56% nos últimos 12 meses representa o 11º resultado negativo consecutivo nesse indicador, algo inédito“, ressaltou Alvim. Em outras palavras, os preços anuais da indústria nunca caíram por tantos meses consecutivos assim.
Cabe salientar que a inflação da indústria brasileira subiu 3,13% em 2022. Já em 2023, os preços desaceleraram ainda mais, passando para o campo negativo. Com isso, o indicador fechou o ano em queda firme de 4,98%.
Saiba mais sobre o IPP
A saber, o IPP é considerado a inflação da indústria e seus resultados tendem a indicar a trajetória que a taxa inflacionária ao consumidor seguirá. Assim, quanto menor a variação do índice, melhor para os brasileiros, pois as variações dos preços ao produtor tendem a recair para os consumidores.
De acordo com o IBGE, o IPP “tem como principal objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país“.
“Constitui, assim, um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e, por conseguinte, um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados“, informa o instituto.
O IPP analisa o progresso dos preços dos produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, medindo a evolução de 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação.
Destaque de janeiro fica com setor de refino de petróleo
A inflação da indústria em janeiro ficou negativa pelo terceiro mês consecutivo, mas isso não aconteceu de maneira disseminada entre os setores industriais. Em resumo, os preços de apenas oito das 24 atividades industriais caíram no mês, puxando para baixo a inflação do setor industrial.
Veja abaixo as atividades com as maiores variações em janeiro:
- Refino de petróleo e biocombustíveis: -4,77%;
- Indústrias extrativas: 4,64%;
- Perfumaria, sabões e produtos de limpeza: -2,03%;
- Impressão: 1,79%.
As variações mais expressivas ficaram tanto no campo negativo quanto no positivo. Entretanto, os recuos exerceram maior impacto na inflação da indústria brasileira, apesar de menos disseminados.
Aliás, as atividades que exerceram as maiores influências no resultado de janeiro foram refino de petróleo e biocombustíveis (-0,51 ponto percentual), indústrias extrativas (0,23 p.p.), alimentos (-0,18 p.p.) e metalurgia (0,07 p.p.).
Segundo Murilo Alvim, “esse desempenho de refino acontece depois de quatro altas consecutivas. Os preços do óleo diesel, produto com maior peso na atividade, foram os principais responsáveis, já que estão em trajetória de queda nas refinarias desde dezembro de 2023. O álcool também não está com grande demanda, além de contar com uma boa safra da cana-de-açúcar, influenciando no resultado“.
Por outro lado, o minério de ferro impulsionou os preços das indústrias extrativas em janeiro. “Assim como ocorreu no mês passado, a elevação nos preços do minério de ferro foi determinante para esse resultado. A alta verificada em indústrias extrativas foi a maior dentre todos os setores analisados, impactando também outras atividades, como a metalurgia, por conta da alta dos produtos siderúrgicos, que utilizam o minério de ferro como principal insumo“, disse Alvim.
Inflação da indústria cai 5,56% no acumulado dos últimos 12 meses
O IBGE revelou que a inflação da indústria, medida pelo IPP, acumulou queda de 5,56% no acumulado dos últimos 12 meses. O resultado negativo aconteceu porque as quatro maiores variações do período foram negativas, puxando os preços ao produtor para baixo.
Confira abaixo os setores com as maiores oscilações acumuladas em 12 meses:
- Refino de petróleo e biocombustíveis: -18,26%;
- Outros produtos químicos: -15,87%;
- Papel e celulose: -12,88%;
- Metalurgia: -8,85%.
Por fim, os impactos mais expressivos na taxa anual do IPP também foram negativas e vieram de: refino de petróleo e biocombustíveis (-2,15 p.p.), outros produtos químicos (-1,37 p.p.), alimentos (-0,96 p.p.) e metalurgia (-0,54 p.p.).