A inadimplência no Brasil continua em um nível muito elevado. De acordo com o Mapa da Inadimplência, realizado pela Serasa Experian, 72,07 milhões de pessoas estavam contas atrasadas no Brasil em janeiro deste ano.
Em resumo, a quantidade de inadimplentes cresceu 1,40% em relação a dezembro do ano passado, quando havia 71,1 milhões de pessoas com dívidas atrasadas no país. Isso quer dizer que houve um acréscimo de 967 mil consumidores sofrendo com a inadimplência no Brasil no primeiro mês deste ano.
O número observado em janeiro é recorde para a série histórica, visto que a Serasa nunca havia registrado um número tão elevado de inadimplentes no país quanto naquele mês. O recorde anterior havia sido observado em outubro de 2023, quando a Serasa informou que havia 71,95 milhões de pessoas sofrendo com a inadimplência.
Confira abaixo a quantidade de inadimplentes no Brasil nos últimos seis meses:
- Agosto: 71,74 milhões;
- Setembro: 71,82 milhões;
- Outubro: 71,95 milhões;
- Novembro: 71,81 milhões;
- Dezembro: 71,1 milhões;
- Janeiro: 72,07 milhões.
Os dados mostram que, nos últimos meses, a quantidade de pessoas com contas atrasadas vem se mantendo acima de 71 milhões. Contudo, em janeiro, a inadimplência ultrapassou a marca de 72 milhões, algo que ainda não havia acontecido.
Cabe salientar que a inadimplência passou a crescer no país de maneira mais significativa em 2021. Em suma, a pandemia da Covid-19 afetou o mercado de trabalho do país e a renda da população. Assim, muitas pessoas acabaram realizando mais dívidas do que poderiam pagar, e o resultado ainda é visto neste ano no Brasil.
Valor médio das dívidas por pessoa
Em janeiro deste ano, o valor total das dívidas de pessoas inadimplentes no Brasil chegou a R$ 382,3 bilhões. O montante ficou 0,15% maior que o valor registrado no mês anterior (R$ 345,7 bilhões), ou seja, as pessoas ficaram ainda mais endividadas no sexto mês deste ano, apesar da queda na quantidade de inadimplentes.
A Serasa também revelou que o valor médio das dívidas por pessoa chegou a R$ 5.311,96. Esse montante cresceu 2,70% em relação a dezembro, quando o valor médio de dívidas por pessoa havia somado R$ 5.174,62.
Segundo os dados do levantamento, existiam 271,37 milhões de dívidas atrasadas no país em janeiro, número 1,50% maior que o do mês anterior (267,43 milhões). Em outras palavras, as pessoas não conseguiram pagar os débitos atrasados em janeiro, e a inadimplência acabou crescendo no país.
Inadimplentes nas UFs
O levantamento ainda revelou a representatividade de inadimplentes na população adulta de cada unidade da federação (UF). Em outras palavras, a Serasa calculou a quantidade de pessoas com dívidas atrasadas e relacionou os dados ao número de habitantes em cada UF.
No Brasil, 43,91% da população estava inadimplente em junho, percentual levemente menor que o de maio (44,09%). Contudo, várias UFs tiveram taxas superiores à média nacional.
A Serasa divulgou um ranking dos líderes em inadimplência, conforme a população de cada um deles. Em síntese, a inadimplência atingiu mais da metade da população em cinco UFs, o que é bastante preocupante.
Confira abaixo as UFs líderes em inadimplência em janeiro:
- Rio de Janeiro: 53,46%;
- Mato Grosso: 52,60%;
- Distrito Federal: 52,41%;
- Amapá: 52,12%;
- Amazonas: 52,00%.
Nos cinco locais citados, mais da metade da população estava inadimplente no primeiro mês deste ano. Aliás, o Rio de Janeiro, que liderou o ranking, teve uma taxa quase 10 pontos percentuais superior à média nacional.
Além dessas cinco UFs, o percentual de inadimplentes em outros nove estados também ficou maior que a taxa do Brasil, variando entre 44,03% e 49,42%. Já em Goiás, a taxa foi a mesma do Brasil (43,91%).
Por outro lado, os estados com os menores números de negativados do país foram das regiões Nordeste e Sul. Veja as menores taxas de inadimplência do país.
- Piauí: 37,01%;
- Santa Catarina: 38,93%;
- Maranhão: 39,05%;
- Paraíba: 39,11%;
- Espírito Santo: 39,28%.
Vale destacar que todas essas taxas percentuais foram alcançadas através da relação de pessoas inadimplentes e da quantidade de habitantes em cada UF. Por isso, não representa o número total de pessoas com dívidas atrasadas no país.
Cartão de crédito impulsiona inadimplência
Além disso, o levantamento mostrou que 29,37% do total de dívidas atrasadas foram referentes a cartões de crédito. Em outras palavras, quase três em cada dez dívidas atrasadas pelos brasileiros em janeiro foram referentes a esse segmento. O percentual ficou muito elevado porque a taxa acelerou em relação a dezembro do ano passado(27,92%).
Em segundo lugar ficaram as dívidas com contas básicas, como água, luz e gás. Em resumo, esse segmento respondeu por 23,09% do total das contas atrasadas no país, percentual inferior ao de dezembro (24,04%).
Já na terceira posição ficaram os débitos com as financeiras, com uma taxa de 16,76%, levemente abaixo do número de dezembro (16,85%). A saber, esses três segmentos responderam por mais de 69% da inadimplência em janeiro.
O levantamento também estimou que 50,4% dos inadimplentes do país em janeiro eram mulheres, enquanto 49,6% eram do gênero masculino.
Por fim, em relação à faixa etária dos inadimplentes, os maiores percentuais vieram das faixas de 41 a 60 anos (35,0%) e 26 a 40 anos (34,2%). Em seguida ficaram as pessoas acima de 60 anos (18,8%) e quem tinha até 25 anos (12,0%).