O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 2,9% em 2023, na comparação com o ano anterior. O resultado consolida a trajetória de alta da economia brasileira e figura como o terceiro avanço consecutivo, após a recessão mundial provocada pela pandemia da Covid-19 em 2020.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo levantamento, o PIB brasileiro cresceu em 2023 devido aos seguintes resultados:
- Agropecuária: 15,1%;
- Serviços: 2,4%;
- Indústria: 1,6%.
Em valores correntes, a economia brasileira totalizou R$ 10,9 trilhões em 2023. Por sua vez, o PIB per capita chegou a R$ 50.193,72, avanço real de 2,2% em relação ao ano anterior. A propósito, PIB per capita corresponde ao PIB brasileiro dividido pela quantidade de habitantes do país.
Agropecuária impulsiona PIB brasileiro em 2023
Em resumo, o avanço na agropecuária ocorreu, principalmente, por causa do crescimento da produção e do ganho de produtividade da atividade econômica. Várias culturas registraram incremento em sua produção em 2023, com destaque para a soja (27,1%) e o milho (19,0%), que bateram recordes na série histórica.
“Esse comportamento foi puxado muito pelo crescimento de soja e milho, duas das mais importantes lavouras do Brasil, que tiveram produções recorde registradas pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA)“, explicou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Por outro lado, algumas lavouras registraram queda em sua produção anual, como o trigo (-22,8%), a laranja (-7,4%) e o arroz (-3,5%). Esses resultados limitaram um pouco o avanço da agropecuária, mas o resultado nacional foi muito expressivo, impulsionando o PIB brasileiro no ano passado.
Cabe salientar que o forte crescimento de 15,1% da agropecuária em 2023 ocorreu, em partes, devido à fraca base comparativa, uma vez que a produção da atividade encolheu 1,1% em 2022, enquanto se manteve nula (0,0%) em 2021.
Serviços também crescem no ano
A saber, o setor de serviços responde por quase 70% do PIB brasileiro. Além disso, o setor é considerado o maior empregador do país, segundo o IBGE. Assim, quanto mais o setor crescer, mais impulsiona a economia brasileira.
O IBGE revelou que quatro atividades dos serviços cresceram em 2023, enquanto outras três caíram:
- Outras atividades de serviços: 1,2%;
- Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados: 0,7%;
- Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade sociais: 0,1%;
- Atividades imobiliárias: 0,1%;
- Informação e comunicação: -0,1%;
- Transporte, armazenagem e correio: -0,6%;
- Comércio: -0,8%.
“As empresas seguradoras tiveram um ganho comparando os prêmios recebidos em relação aos sinistros pagos“, explicou Rebeca Palis.
Industria tem o menor crescimento anual
Entre os três principais setores econômicos, a indústria teve o desempenho mais fraco em 2023. Confira abaixo a variação das atividades industriais no ano:
- Indústrias extrativas: 8,7%;
- Atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos: 6,5%;
- Construção: -0,5%;
- Indústrias de transformação: -1,3%.
Cabe salientar que as indústrias extrativas tiveram um crescimento expressivo no ano devido à alta na extração de petróleo e gás natural e de minério de ferro. Por sua vez, a atividade de eletricidade e gás, água e afins cresceu graças à melhora nas condições hídricas e ao aumento das temperaturas médias do ano.
“Houve condições hídricas favoráveis e a bandeira verde vigorou durante todo o ano de 2023. Além disso, o fenômeno climático ‘El Niño’ aumentou a temperatura média, impactando o consumo de água e energia“, destacou Rebeca Palis.
Em contrapartida, as indústrias de transformação encolheram por causa da queda na fabricação de produtos químicos, máquinas e equipamentos, metalurgia e indústria automotiva. Já a redução na produção dos insumos típicos e na ocupação derrubaram a construção no Brasil em 2023.
Veja outros destaques do PIB brasileiro
O IBGE divulga dados sobre os setores mais importantes para o PIB brasileiro. Além dos serviços, indústria e agropecuária, outros indicadores também exercem grande influência na economia do país, impulsionando-a ou limitando o seu crescimento.
Em 2023, outros fatores impulsionaram o crescimento do PIB no período, mas algumas taxas limitaram seu avanço:
- Consumo das famílias: 3,1%;
- Consumo do governo: 1,7%;
- Exportações: 9,1%;
- Importações: -1,2%;
- Investimentos: -3,0%.
Por fim, o consumo das famílias funcionou como um verdadeiro motor para a economia brasileira, pela ótica da demanda. Em síntese, isso aconteceu, principalmente, por causa do aumento da ocupação e da massa salarial real. Além disso, a desaceleração da inflação fortaleceu o PIB brasileiro no ano.
“Os programas de transferência de renda do governo colaboraram de maneira importante no crescimento do consumo das famílias, especialmente em alimentação e produtos essenciais não duráveis“, disse Palis.