O aguardado julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) referente à “revisão da vida toda” das aposentadorias concedidas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi adiado. Inicialmente marcada para ocorrer durante a sessão desta quinta-feira (dia 29), a análise do caso foi postergada devido ao prolongamento das discussões sobre a política ambiental do governo de Jair Bolsonaro, que consumiu todo o tempo previsto para a sessão.
A decisão de adiamento frustrou expectativas de segurados e advogados que aguardavam ansiosamente por uma definição sobre a questão, que impacta diretamente milhares de beneficiários do sistema previdenciário brasileiro. Até o momento, uma nova data para a retomada do julgamento não foi estabelecida.
Revisão de aposentadorias do INSS
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) deverão analisar possíveis alterações na decisão da própria Corte em relação à “revisão da vida toda”. Esta medida, reconhecida em 2022, permitiu que aposentados que ingressaram com ações judiciais pudessem solicitar a revisão do cálculo de seus benefícios levando em consideração todas as contribuições realizadas ao longo de suas vidas profissionais.
Embora a decisão tenha sido tomada pela Corte, a revisão ainda não foi aplicada devido a um recurso interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O órgão previdenciário recorreu buscando restringir os efeitos da validade da revisão, o que mantém a situação suspensa.
O INSS está empenhado em restringir a aplicação da revisão da vida toda em benefícios previdenciários já extintos e em decisões judiciais que negaram o direito à revisão, de acordo com a jurisprudência vigente na época. Além disso, o órgão busca proibir o pagamento de eventuais diferenças antes de 13 de abril de 2023, data na qual o acórdão do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) foi publicado.
Essas medidas propostas pelo INSS têm o objetivo de limitar os efeitos da revisão da vida toda, uma vez que a decisão do STF abriu caminho para que aposentados solicitem o recálculo de seus benefícios levando em consideração todas as contribuições feitas ao longo de suas carreiras profissionais.
Essa posição do INSS pode gerar debates e contestações por parte dos segurados e de especialistas, que defendem o direito à revisão e buscam garantir o acesso a eventuais diferenças retroativas aos beneficiários. A questão segue em análise e pode impactar diretamente a vida de milhares de aposentados e pensionistas do país.
Entenda a revisão da vida toda
A “revisão da vida toda” do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é uma questão que envolve o cálculo da aposentadoria de segurados que contribuíram para a Previdência Social antes de julho de 1994. Antes desse período, o INSS utilizava a média dos 36 últimos salários para calcular o benefício previdenciário, o que muitas vezes resultava em valores mais baixos para quem tinha salários mais altos no início da carreira.
Com a reforma da previdência em 1999, o cálculo da aposentadoria passou a considerar apenas as contribuições realizadas a partir de julho de 1994. Essa mudança acabou excluindo períodos anteriores em que o segurado poderia ter recebido salários mais elevados.
A “revisão da vida toda” busca corrigir essa distorção, permitindo que o INSS leve em conta todo o histórico contributivo do segurado na hora de calcular o benefício, incluindo os salários mais altos recebidos antes de 1994. Isso pode resultar em um aumento significativo no valor da aposentadoria para algumas pessoas.