O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelou nesta semana que a maioria dos reajustes salariais superou a inflação no país em janeiro.
Isso quer dizer que os trabalhadores com carteira assinada tiveram um aumento no seu poder de compra no primeiro mês deste ano. Esse dado é muito positivo para os trabalhadores pois eles conseguiram ver o seu rendimento mensal crescer, ao menos boa parte deles.
A saber, o Dieese faz uma relação entre os reajustes salariais e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Em resumo, o indicador mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país.
Aliás, o INPC é utilizado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS. Em outras palavras, o governo federal se baseia na variação registrada pelo indicador para definir os novos valores do salário mínimo no país.
Por isso que o INPC, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é um indicador tão importante para os trabalhadores do Brasil.
Reajustes superam o INPC em janeiro
Nos últimos meses, o Brasil vem conseguindo superar as dificuldades e fortalecer a sua atividade econômica. O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu de maneira expressiva em 2023, mas as projeções de analistas indicam que os dados de 2024 não deverão ficar muito intensos, principalmente por causa da forte base comparativa.
Ainda assim, cabe salientar que a melhora da economia brasileira nos últimos meses aconteceram graças à desaceleração da inflação no país, que ajudou a impulsionar os resultados dos reajustes salariais, animando os trabalhadores.
Segundo o levantamento, os resultados observados em janeiro foram os seguintes:
- 83,2% dos reajustes superaram a inflação;
- 13,4% dos reajustes tiveram variação igual ao do INPC;
- 3,4% dos reajustes ficaram abaixo da inflação.
Reajustes acima da inflação
A taxa de reajustes acima da inflação foi bastante expressiva em janeiro, refletindo o ganho do poder de compra para a maioria dos trabalhadores. Entretanto, o número ficou menor que os dados observados no mês anterior, quando o percentual ficou em 86,1%.
Já em relação às negociações abaixo da variação acumulada pelo INPC, a taxa de janeiro (3,4%) também sinaliza uma situação um pouco menos favorável. Isso porque, em dezembro de 2022, a taxa havia ficado nula (0,0%).
Vale destacar que, na comparação com janeiro de 2023, os números ficaram bem mais positivos em 2024. No primeiro mês do ano passado, os reajustes que superaram a inflação totalizaram (66,3%), seguido pelas negociações com variação igual ao INPC (21,5%) e as que ficaram abaixo da inflação (12,2%).
Entenda como são calculados os reajustes salariais
A saber, o Dieese compara os dados do levantamento com a variação acumulada pelo INPC nos últimos 12 meses até janeiro. No período, o indicador oscilou 3,82% em comparação aos 12 meses imediatamente anteriores, e a maioria dos reajustes salariais teve uma alta mais forte que essa variação, resultando em ganho real para o trabalhador.
Quando ocorre o contrário, com os acordos e convenções ficando abaixo da inflação, o trabalhador tem a sua renda reduzida. Isso porque o reajuste salarial não consegue acompanhar o aumento dos preços de produtos e serviços no país.
Já nos casos de negociações equivalentes ao INPC, os trabalhadores seguem com o mesmo poder de compra. Em síntese, os empregados continuam podendo comprar os itens que tinham condições de adquirir no ano anterior, pelo menos na teoria.
Entretanto, não há possibilidade de aumento do consumo, uma vez que a renda subiu apenas o suficiente para mantê-lo no mesmo patamar do ano anterior.
Reajustes nas regiões brasileiras
Além disso, o Dieese também revelou os dados observados nas regiões brasileiras. A saber, todos os dados divulgados pelo Dieese são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência.
Segundo o Dieese, os dados entre as regiões brasileiras ficaram um pouco díspares em janeiro. O Sul teve a maior taxa de acordos acima do INPC (90,4%), seguido por Nordeste (84,6%), Sudeste (82,5%), Norte (76,9%) e Centro-Oeste (69,7%).
Em contrapartida, o Norte teve a maior taxa do país em relação aos reajustes que perderam para a inflação no período (11,5%). Na sequência, ficaram Sudeste (4,1%), Sul (2,7%), Nordeste (2,2%) e Centro-Oeste (0,0%).
Por fim, o levantamento ainda revelou que o Centro-Oeste teve o maior percentual de acordos e convenções coletivas iguais ao INPC (30,3%), ou seja, que também não aumentaram o poder de compra do trabalhador. Em seguida, ficaram Sudeste (13,4%), Nordeste (13,2%), Norte (11,5%) e Sul (6,8%).